Localizada a 500 km da costa ocidental de ?frica, a na??o insular de Cabo Verde embarcou num objetivo ambicioso: ser o primeiro país da ?frica Ocidental e Central a erradicar a pobreza extrema até 2026.
O país tem sido há muito tempo considerado um exemplo de democracia e um defensor da redu??o da pobreza em ?frica. A propor??o da sua popula??o que vive em pobreza extrema (com menos de 1,90 dólares por dia) diminuiu de 22,6% em 2015 para 11,1% em 2022, devido ao aumento do investimento em políticas de prote??o social. Apesar dos progressos, a trajetória de redu??o da pobreza em Cabo Verde foi interrompida pela recess?o económica resultante da pandemia da COVID-19.
Em resposta, o país desenvolveu uma Estratégia Nacional para a Erradica??o da Pobreza Extrema (ENEPE) 2022-2026, que apresenta um plano para abordar as causas profundas da pobreza extrema e capacitar as comunidades em todo o arquipélago. Alcan?ar este ambicioso objetivo requer uma abordagem abrangente: construir infraestruturas sustentáveis, disponibilizar educa??o e forma??o profissional, apoiar as empresas locais e garantir assistência crítica aos meios de subsistência dos mais vulneráveis.
O Banco Mundial está a colaborar ativamente com Cabo Verde nestas frentes. Abaixo est?o quatro exemplos - entre muitos outros - de como estamos a trabalhar em conjunto para ajudar a na??o a alcan?ar os seus objetivos de redu??o da pobreza e a promover o crescimento sustentável e equitativo para o seu povo.
Esta comunidade passou de uma das mais isoladas a uma das mais conectadas. Gra?as à nova estrada, a Ribeira dos Picos pode abastecer mercados em várias ilhas e os agricultores podem vender os seus produtos durante todo o ano.
José Varela,
Engenheiro civil que trabalhou no projeto
Do isolamento à prosperidade: um projeto rodoviário abre oportunidades para a Ribeira dos Picos
Na nossa1última história em 2021, os residentes da Ribeira dos Picos estavam esperan?osos de que os esfor?os de reabilita??o de estradas, apoiados pelo proporcionariam novas oportunidades para a sua comunidade. Com as obras concluídas, voltámos para ouvir como é que a estrada mudou vidas.
O residente de longa data, Gualdino Tavares, recorda vividamente os desafios que a comunidade enfrentou. A antiga estrada ficava intransitável durante a época das chuvas, dificultando o transporte dos produtos agrícolas para os mercados nacionais. A educa??o e os cuidados de saúde também sofriam, obrigando os residentes a escalar a montanha para levar as crian?as e buscá-las na escola, ou a transportar às costas membros doentes da comunidade até ao médico.
A nova estrada é uma viragem de jogo, reduzindo o tempo de viagem de uma hora para 15 a 20 minutos. "Esta comunidade passou de uma das mais isoladas para uma das mais conectadas", diz José Varela, engenheiro civil que trabalhou no projeto. Gra?as à nova estrada, a Ribeira dos Picos pode abastecer mercados em várias ilhas e os agricultores podem vender os seus produtos durante todo o ano".
A estrada também abriu portas para a educa??o. Os sete filhos de Gualdino seguiram o ensino superior e carreiras significativas, aproveitando a melhoria da acessibilidade. Um dos seus filhos fundou uma empresa que comercializa produtos da comunidade, aumentando o rendimento e a prosperidade.
Com a nova estrada, surge uma nova esperan?a para o futuro."Já estamos a mobilizar os nossos filhos para assumirem a responsabilidade por esta estrada, para que mais tarde haja uma economia melhor", afirma Gualdino.
Capacitando Pequenas Empresas para a Cria??o e Crescimento de Emprego
Amílcar Rodrigues, antes desempregado, pediu emprestado US$ 45 da irm? para come?ar a vender água de c?co nas ruas de Santa Cruz. Hoje, é um empresário próspero, conhecido como o “Rei do C?co”. “Agora tenho a minha própria loja e consegui ir além dos c?cos e vender frutas e vegetais”, diz Amílcar.
A sua transforma??o foi possível gra?as ao . Através de garantias bancárias, melhoria dos sistemas de informa??o de crédito e assistência técnica dirigida às MPME, o projeto apoia empreendedores como Amílcar.
Da mesma forma, Keven Gon?alves, um antigo professor universitário, fundou a “Afreecana”, a primeira cervejaria artesanal de Cabo Verde com foco em frutas, flores e especiarias locais. “O apoio empresarial e o empréstimo concedido pelo projeto permitiram-me expandir a produ??o. Agora, emprego 10 jovens”, explica Keven com orgulho.
Erradicar a pobreza extrema através da inclus?o social produtiva
Andresa Tavares, uma “m?e-coragem” de 45 anos, sustenta os seus seis filhos através do seu agronegócio no vale da Ribeira do Picos, cultivando papaia, morangos e bananas num terreno de 500 metros quadrados e vendendo os produtos localmente. O seu rendimento proporciona à família uma vida digna.
Em 2018, a vida de Andresa mudou quando recebeu apoio de um programa de inclus?o produtiva financiado pelo Banco Mundial. Depois de se inscrever no registo social, foi convidada a participar num curso de forma??o que a capacitou para montar o seu negócio. Juntamente com um tanque de armazenamento de água para irriga??o, recebeu transferências monetárias mensais de 5.500 escudos (cerca de 50 dólares). “Gra?as a esse dinheiro pude mandar os meus filhos para a escola e desenvolver o meu negócio”, diz ela.
Andresa n?o está sozinha. Mais de 150.000 pessoas, 87% das quais mulheres, representando 28.000 agregados familiares pobres, melhoraram as suas condi??es de vida através do programa de inclus?o social. Desde 2020, 86,6% dos agregados familiares mais pobres do Cadastro Social do grupo 1 foram assistidos através de transferências monetárias regulares de dois anos ou de uma modalidade de emergência para fazer face aos impactos económicos da pandemia da COVID-19. Além disso, 44,4% dos agregados familiares do grupo 2 foram atendidos na modalidade emergencial.
O programa tem como objetivo ajudar mais 7.000 agregados familiares a alcan?ar cada agregado familiar extremamente pobre até 2026, representando um passo determinado na erradica??o da pobreza extrema no arquipélago.
Desbloquear o potencial de Cabo Verde através da educa??o e do desenvolvimento de competências
“A forma??o deu-me confian?a e coragem para abrir o meu próprio sal?o”, afirma Patrícia Monteiro, cabeleireira de 29 anos e m?e de três filhos. “Tenho mais rendimentos para beneficiar os meus filhos, especialmente em termos de escolaridade e bem-estar.”
Patrícia é uma das 855 mulheres beneficiárias do . Através de um programa de bolsas, formou-se esteticista e hoje possui o seu próprio sal?o em Assomada, uma pequena cidade de 14 mil habitantes.
Assim como ela, 2.167 jovens de 18 a 30 anos de idade também foram beneficiados pelo projeto. Com um financiamento de 2 milh?es de dólares, o projeto proporcionou aos participantes subsídios e bolsas de estudo para perseguirem os seus sonhos e contribuírem para o desenvolvimento do país.
Embora Cabo Verde tenha feito progressos significativos na expans?o do acesso à educa??o – alcan?ando um acesso quase universal ao ensino primário – os resultados da aprendizagem continuam baixos e as oportunidades de desenvolvimento de competências muitas vezes n?o satisfazem as necessidades da economia. Um elevado número de estudantes abandona a escola antes de terminarem a sua forma??o, entrando no mercado de trabalho sem qualifica??es suficientes.
“Aminha vida está melhor”, diz Patrícia. “Quando você tem o seu próprio negócio, ganha mais dinheiro. Quero expandir para ter uma rede maior de sal?es na Assomada, na Praia, e quem sabe, até na Europa!”
As pessoas primeiro
A vis?o de Cabo Verde é a de um crescimento económico partilhado equitativamente que transcende as desigualdades territoriais. O crescimento inclusivo está a ser promovido ao permitir a transi??o, a formaliza??o e o acesso ao crédito para micro e pequenas empresas; apoiar os agregados familiares através de redes de seguran?a social essenciais para garantir que nenhum cidad?o caia abaixo do limiar da pobreza extrema; e apoiar medidas de forma??o e investir na educa??o universal.
Fica claro, pelas vozes dos beneficiários nestas histórias, que a jornada de Cabo Verde para a erradica??o da pobreza reside em colocar a sua popula??o em primeiro lugar e permitir-lhe viver vidas realizadas, produtivas e autossuficientes. Ao concentrar-se em infraestruturas sustentáveis, na educa??o, no apoio às empresas locais e na assistência aos meios de subsistência, a na??o está a lan?ar as bases para uma sociedade mais próspera e equitativa.
1 Durante um retiro em Maio de 2023, colegas da equipa regional de Assuntos Externos da ?frica Ocidental e Central realizaram visitas ao local para saber mais sobre como estes projetos est?o a transformar vidas em Cabo Verde.
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